26.3.07

interesse público

Uma sociedade bem constituída deveria, para seu próprio benefício, proibir que pensadores trabalhem.

21.3.07

all-in 2

Pouco mais de uma semana de (árduo) estudo depois, retiro (quase) tudo o que eu disse sobre o pôquer. O problema é o seguinte: ele é ainda um sistema fechado. São 52 cartas, ou melhor, 4 séries de 13 cartas. Há uma hierarquia entre elas; e o número de combinações pode ser muito grande, mas não é infinito. A afirmação do acaso vale para o Aberto, para a vida e para o pensamento; mas o pôquer remete ao campo do possível, e não ao campo do virtual. Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça...

12.3.07

all-in

Pôquer não é nem magia nem matemática: é acaso e vontade. Acaso na distribuição das cartas, vontade na hora de dobrar e redobrar as apostas. Alguns celebram supostas núpcias entre a vontade e a sorte, outros calculam minuciosamente as probabilidades; mas o mundo mágico-religioso e o mundo racional são avatares do niilismo: ambos pretendem fechar o Aberto, prever o imprevisível, controlar o devir, dividir o acaso em probabilidades de ganho e de perda. Esperança pueril, já que as cartas mais baixas podem ser mais altas do que as mais altas, e as mais altas, mais baixas do que as mais baixas. Não há como saber de antemão. Há que pagar para ver: flop, turn, river. Certamente não é um jogo para almas tímidas, e tampouco para os que são apegados ao dinheiro. Nem uns nem outros jamais entenderão o pôquer - e muito menos a própria vida. O pôquer é para os que esgrimem rimas, escalam montanhas, enfrentam as ondas. A vida também.

9.3.07

o capitalismo como jogo

Um homem pode suportar quase tudo, mas ele dificilmente suportaria uma existência sem sentido. Deus, o Homem, a Classe Operária, a Família, qualquer coisa serve para dar sentido à existência; mesmo um time de futebol ou uma banda de rock.

Mas o homem menor entre todos encontra no Dinheiro (ou no Capital) a solução ideal para esse problema (que ele, por sinal, jamais formulou). Pergunte-se a esse homem qual o sentido da existência e ele, supondo-se que compreenda a pergunta, logo responderá: comprar a dois e vender a dez. O capitalismo, esse jogo que dá sentido à existência do rebanho, não requer prática nem habilidade: basta saber contar. E talvez seja possível estabelecer uma equação matemática rigorosa a esse respeito: quanto mais um homem pensa em dinheiro, menor é o seu valor.

5.3.07



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