30.7.18

Vamos Arranjar o Resultado?

Antes que se encerre o mês de julho, e com ele a última oportunidade de voltar ao assunto, farei um derradeiro comentário sobre a Copa da Rússia.

O futebol vale pelas belas jogadas e gols. O resultado é o que menos importa, e importa menos ainda quando é grosseiramente manipulado.

* * *

Locutores ingleses foram extremamente severos com a arbitragem em vários lances decisivos da competição. Enquanto isso, a imprensa brasileira tentava justificar o injustificável.

Discutiu-se muito, por exemplo, se foi falta o empurrão (na verdade, foram sucessivos empurrões) do jogador suíço em Miranda. Para mim, está óbvio que Zuber fez falta para ocupar o lugar que estava sendo ocupado pelo defensor, assim como está óbvio que os empurrões foram fortes o bastante para deslocar Miranda. Ninguém jamais disse que Miranda foi agredido.

Mas bastou a FIFA afirmar que o empurrão foi "leve" (um simples "contato") e dois dos maiores jornais do país já passaram a pôr em dúvida a própria existência do "empurrão".



O "empurrão" entre aspas d'O Globo.


O "suposto empurrão" da Folha.


Uma imprensa que se curva tão rapidamente à inverdade dos fatos não inspira nenhuma confiança.

* * *

Já que a FIFA sequer puniu a joelhada nas costas que tirou Neymar da Copa de 2014 (ou o pisão desleal desta Copa), o mínimo que seus dirigentes poderiam ter feito é omitir-se de fazer comentários a respeito do desempenho do jogador.

Somos grosseiros? Eles também. E como.

* * *

Não me canso de espantar-me com a ingenuidade daqueles que perdem tempo discutindo resultados obviamente manipulados. Sim, existe competência, e existe acaso, mas também existe a irresistível tentação de ajudar a produzir o resultado. Um dia a Copa da Rússia de 2018 será conhecida como a Copa em que o VAR foi introduzido para dar à FIFA uma oportunidade extra de manipulação dos resultados.

Assistir a esse tipo de coisa é um preço alto demais a ser pago para vibrar com aquele lance genial que nem sempre vem.


2.7.18

Mesmo caído, Neymar consegue simular um pisão!

Tem um monte de jornalistas repetindo que, no segundo gol, Neymar deu uma "assistência".

Na verdade ele chutou a gol e o goleiro mexicano fez grande defesa, desviando a bola na direção da linha de fundo. Firmino entrou e não desperdiçou.

* * *

Hoje é um dia histórico. A arbitragem da FIFA inventou a figura do pisão legítimo: você pode pisar o jogador adversário caído, desde que não pise com força excessiva. Mas eu estou menos espantado com as decisões da FIFA (da qual nunca esperei nada) do que com o servilismo absoluto da imprensa brasileira. Isso, no entanto, é tema para uma outra postagem.

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