a aspereza das esferas (canção para o homem médio)
1.
Se dermos um peixe a um homem,
ele matará sua fome.
Se o ensinarmos a pescar,
ele venderá todos os peixes do mar
até não sobrar nenhum.
2.
Por isso eu não ensino nada
que você possa vender.
As teorias dos sábios
e dos amigos da sabedoria
eu as guardo no coração.
Não quero aumentar sua inteligência.
Você já é inteligente, e até demais,
sempre contando pelos cantos
e jamais errando nas contas.
3.
Para você, eu sou tão inútil
quanto uma bolha de sabão.
Minhas concretas abstrações
e meus versos simplórios
não o comovem
e você pensa que a falta é minha.
4.
Para você eu só tenho palavras ásperas
que uso para lembrá-lo
que a casca onde você se enfia
é sua perdição
e a de todos nós.
5.
Enquanto você vive e morre
agarrado às barras de sua cela
eu vou aonde quero
já despido
de minha forma humana:
uma bolha de sabão
cercada de infinito
por todos os cantos.
Se dermos um peixe a um homem,
ele matará sua fome.
Se o ensinarmos a pescar,
ele venderá todos os peixes do mar
até não sobrar nenhum.
2.
Por isso eu não ensino nada
que você possa vender.
As teorias dos sábios
e dos amigos da sabedoria
eu as guardo no coração.
Não quero aumentar sua inteligência.
Você já é inteligente, e até demais,
sempre contando pelos cantos
e jamais errando nas contas.
3.
Para você, eu sou tão inútil
quanto uma bolha de sabão.
Minhas concretas abstrações
e meus versos simplórios
não o comovem
e você pensa que a falta é minha.
4.
Para você eu só tenho palavras ásperas
que uso para lembrá-lo
que a casca onde você se enfia
é sua perdição
e a de todos nós.
5.
Enquanto você vive e morre
agarrado às barras de sua cela
eu vou aonde quero
já despido
de minha forma humana:
uma bolha de sabão
cercada de infinito
por todos os cantos.
8 Comentários:
Chico,
Com esse primeiro verso você abalou a minha "estrutura socialista". Os outros me fazem pensar...
um beijão
Sada
Pois é, Sada. Para mim é primordial a distinção entre desejo e interesse, e o que mais vemos são lutas pelo interesse, e não pelo desejo. Creio que os socialistas - os autênticos, é claro, tão raros - são movidos pelo desejo e têm por isso mesmo dificuldades para perceber que idealizam o "povo". Por isso, para mim, a questão mais essencial é produzir um povo de verdade: aferrado à vida e não ao capital. Cultura versus capitalismo.
Beijão!
Você deu um nó no meu pensamento..
quero conversar mais sobre isto
beijão
Quando quiser, Sada.
Há um texto de Nietzsche n'A Gaia Ciência que vem bem a calhar: está logo no início do livro, parágrafo 3 (nobre e vil).
Beijão!
já copiei!
beijos!
Emtre Sadas e beijos, seu Chico. hehehehe
Chico, esse texto me surpreendeu e comoveu. Abstrações... Algo me diz que o caminho é esse mesmo. Onde será que ele nos levará?
Grande beijo,
Fernanda
Ah, Fernanda, só agora vi o seu comentário. Que blogueiro mais relapso!
As abstrações... Ei, que tal reativar a "infatigável"? Às vezes eu sinto saudade daquilo lá.
Beijo grande!
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