trecho de carta
"(...) Não tenho estudado esses temas, mas estou cada vez mais convencido de que, por trás (ops) do problema da sexualidade, existem problemas bem mais importantes e que se refletem, claro, também no plano da sexualidade.
Eu acho que a questão é mesmo a agressividade. O que um corpo (corpo, alma, é tudo a mesma coisa) culpado é - por definição - impedido de fazer? Qual é o primeiro bloqueio? O da agressividade. Se você é criado numa cultura da culpa, sua agressividade fica entravada. E talvez a afetividade em geral. Daí fica bem difícil.
Acho que é por isso que a agressividade acaba explodindo, aqui e ali, de forma espantosa. Seja num massacre de escola, seja em pequenos gestos, mas sempre espantosa, desproporcional, inesperada. E o que isso gera? Mais culpa. Nossa sociedade tende a gerar dois tipos extremos: o castrado e o serial killer.
E a sexualidade, é claro, reflete tudo isso. Empédocles: o amor e o ódio, só que desregulados, destemperados, sem vazão, girando em círculos, voltando-se para dentro (narcisismo e autodestruição) ou explodindo em gestos desesperados e inúteis. Para sair - ou melhor, para escapar - dessa roda mortal, é preciso um esforço supremo, é preciso tornar-se inumano. Então você escapa: ótimo! Mas então já não há mais ninguém ao seu lado. Daí você volta para buscar os outros, e essa é a sua perdição. E não há absolutamente nada a fazer senão percorrer esse caminho tortuoso que vai dar em nada, e no entanto é maravilhoso, porque você sabe que se livrou da culpa, do mérito, do medo e do controle remoto, e que irá morrer em paz. (...)"
Eu acho que a questão é mesmo a agressividade. O que um corpo (corpo, alma, é tudo a mesma coisa) culpado é - por definição - impedido de fazer? Qual é o primeiro bloqueio? O da agressividade. Se você é criado numa cultura da culpa, sua agressividade fica entravada. E talvez a afetividade em geral. Daí fica bem difícil.
Acho que é por isso que a agressividade acaba explodindo, aqui e ali, de forma espantosa. Seja num massacre de escola, seja em pequenos gestos, mas sempre espantosa, desproporcional, inesperada. E o que isso gera? Mais culpa. Nossa sociedade tende a gerar dois tipos extremos: o castrado e o serial killer.
E a sexualidade, é claro, reflete tudo isso. Empédocles: o amor e o ódio, só que desregulados, destemperados, sem vazão, girando em círculos, voltando-se para dentro (narcisismo e autodestruição) ou explodindo em gestos desesperados e inúteis. Para sair - ou melhor, para escapar - dessa roda mortal, é preciso um esforço supremo, é preciso tornar-se inumano. Então você escapa: ótimo! Mas então já não há mais ninguém ao seu lado. Daí você volta para buscar os outros, e essa é a sua perdição. E não há absolutamente nada a fazer senão percorrer esse caminho tortuoso que vai dar em nada, e no entanto é maravilhoso, porque você sabe que se livrou da culpa, do mérito, do medo e do controle remoto, e que irá morrer em paz. (...)"
3 Comentários:
fala xico! saudades!
esse texto poderia estar no triagem...
nossa...agradecida Francisco Fuchs
ficamos um pouco sós no entanto
" é maravilhoso... " e de repente encontrarmos alguns amigos...
grata, Francisco
abraço afetuoso virgínia
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