28.8.07

Subo, e subo um pouco mais.
E ainda um pouco mais.
Passo a passo.
O ar se torna rarefeito.
E frio.
Mas eu não sinto frio.
Por dentro estou ainda mais frio.
Estou gelado.

Ainda sou aquele menino que quer salvar os homens.
Salvá-los de sua própria estupidez.
E agora trabalho por isso.
Mas estou gelado.

Já não procuro a mulher que haveria de esquentar meu peito.
Nenhuma teria calor suficiente.
Já não quero ter filhos.
Filhos meus, filhos dos outros, qual a diferença?
Já não quero plantar uma árvore.
As árvores sabem se virar sozinhas.
Já não quero escrever um livro.
Os livros se escrevem sozinhos.
Pingo após pingo.
Ruga após ruga.

Só quero é dizer o que vejo daqui.
(Apesar da miopia.)
As nuvens beijam minha face.
As maiores cidades são minúsculas.
Não há jornais ou tevês.
Não há semelhantes.
Não há calor humano.
Não há festas.
Não há diversão.
Aqui, vocês morreriam.

Aqui, a suprema alegria.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

eXTReMe Tracker