30.9.07

a cultura e a morte - nova série (6)

O surgimento da Internet ampliou de uma maneira antes inimaginável as possibilidades da cultura. Contudo, é possível dizer que a ação do homem sobre o homem para produzir o homem ainda encontra determinados limites extremamente difíceis de transpor, sobretudo nas primeiras fases da vida: a família e a escola. Pais e professores são agentes privilegiados da cultura, e é muito difícil compreender, por exemplo, que a remuneração dos professores em geral, e sobretudo a dos professores do ensino fundamental e médio, seja tão mesquinha. Seja como for, o futuro da cultura (ou seja, o nosso) já não pode ser pensado dentro dos limites do modelo tradicional família/escola, e este é um dos maiores desafios do nosso tempo: abrir o campo da produção do homem pelo homem a novas experimentações, a novas possibilidades de vida.

"Essa miserável questão de paternidade... Que significa ela, afinal? Que importa, quando se reflete bem nisso, que uma criança seja do nosso sangue ou não? Todos os pequeninos entes do nosso tempo são coletivamente os nossos filhos (de nós, adultos da mesma época), e são confiados ao nosso cuidado comum. Essa excessiva afeição dos pais pelos seus filhos e a indiferença em relação aos filhos dos outros não é, no fundo, da mesma forma que o sentimento de classes, o patriotismo, a preocupação de salvar a própria alma e outras virtudes, senão uma pequenez de alma exclusiva e egoísta."

Thomas Hardy: Judas, o Obscuro (1895), V, 3
Tradução de Octávio de Faria

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Esse eu li. rsrs

2 de outubro de 2007 às 16:36  
Anonymous Anônimo disse...

aposto que não se arrependeu... ;)

2 de outubro de 2007 às 17:00  
Blogger Unknown disse...

Como educadora, entendo perfeitamente o que vc disse aí Chicão.
Fico feliz e me sinto privilegiada por não pensar como a massa, e saber que estou fazendo parte no processo de "aculturação" das pessoas,mesmo que não sejam o meu filho, mas por enquanto, só posso fazer isso, para aquelas que vem até mim. Quem sabe em dia, nos unamos e façamos como o V do filme, V de vingança, e através de uma broadcast pirata, implantantamos, na raça, alguma consciência na cabeça passiva dos que sentam seus "fat asses on the couch for good".
Um beijo queridão!

3 de outubro de 2007 às 09:47  
Blogger Francisco Fuchs disse...

Beleza, mas...

Quanto a "implantar consciência na raça", não conte comigo para isso!

Esse tipo de coisa invariavelmente termina mal, muito mal (a não ser nos filmes, claro).

E quanto ao "broadcast"... Você já se esqueceu da última cena em "O show de Truman"?

Beijo!

3 de outubro de 2007 às 11:22  
Anonymous Anônimo disse...

Não mesmo.

3 de outubro de 2007 às 15:02  
Blogger Unknown disse...

Talvez eu veja filmes demais...
Se fosse verdade, eles mudariam de canal, ou desligariam a tv...
Eu ainda acho uma ótima idéia, mas talvez vc tenha razão ao dizer que é uma idéia meio romantizada da coisa. Tudo bem, tudo bem, I surrender again... rs

3 de outubro de 2007 às 23:15  

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