Nietzsche, por Gilles Deleuze
O filósofo do futuro é ao mesmo tempo explorador de velhos mundos, cumes e cavernas, e só cria à força de se lembrar de alguma coisa que foi essencialmente esquecida. Essa alguma coisa, segundo Nietzsche, é a unidade do pensamento e da vida. Unidade complexa: um passo para a vida, um passo para o pensamento. Os modos de vida inspiram maneiras de pensar, os modos de pensamento criam maneiras de viver. A vida ativa o pensamento, e o pensamento por sua vez afirma a vida. Dessa unidade pré-socrática nós já não temos sequer a idéia. Nós só temos exemplos em que o pensamento refreia e mutila a vida, modera-a, e onde a vida se vinga, transtornando o pensamento e se perdendo com ele. Nós já não temos escolha senão entre vidas medíocres e pensadores loucos. (...) Nietzsche descreve os estados modernos como formigueiros onde os chefes e os poderosos prevalecem por sua baixeza, pelo contágio dessa baixeza e dessa tolice. Seja qual for a complexidade de Nietzsche, o leitor advinha facilmente em que categoria (ou seja, em que tipo) ele teria classificado a raça dos “mestres” concebida pelos nazistas. É somente quando o niilismo triunfa que a vontade de potência deixa de querer dizer “criar” e passa a significar: querer a potência, desejar o domínio (e portanto atribuir-se ou fazer-se atribuir os valores estabelecidos, dinheiro, honras, poder…). Ora, essa vontade de potência é precisamente a do escravo, é a maneira pela qual o escravo ou o impotente concebe a potência, a idéia que ele tem dela, e que ele aplica quando triunfa.
Nietzsche, par Gilles Deleuze
Para ler toda a tradução (10 páginas) clique aqui.
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