simulacros
Foram amar-se pela primeira vez em sua casa, depois de comerem sorvete com gérmem de trigo. Gostavam-se já. No melhor da coisa, um intenso cheiro de flores invadiu o quarto. Passado o ardor, foi naquilo que primeiro falaram. Tão gostoso, aquele cheiro. É uma presença boa, disse ela. Ele concordou, porém pensando no corpo que nele se enrolava. Ele era ali e nada mais. É uma presença boa, pensou.
No dia seguinte, sozinho, sentiu na madrugada um nítido cheiro de merda. Que merda!, pensou. Vinha do nada, como na noite anterior. E se existissem as coisas onde ele punha dúvida, presenças, entidades ou a cascudice que fosse? Se, condicional, existissem, aquele cheiro não havia de ser bom sinal. Que seja. Acendeu um incenso e foi dormir.
O barulho de móveis arrastados despertou-o na manhã seguinte. A faxineira falava sem parar, de modo que pôde ouvir sua cantilena em crescendo desde o corredor até a porta de seu quarto.
- Sua vizinha está cantando no banheiro. Sabonete cheiroso o dela, parece de fada. E o senhor está virando criança outra vez, que negócio é esse de não puxar a descarga?
No dia seguinte, sozinho, sentiu na madrugada um nítido cheiro de merda. Que merda!, pensou. Vinha do nada, como na noite anterior. E se existissem as coisas onde ele punha dúvida, presenças, entidades ou a cascudice que fosse? Se, condicional, existissem, aquele cheiro não havia de ser bom sinal. Que seja. Acendeu um incenso e foi dormir.
O barulho de móveis arrastados despertou-o na manhã seguinte. A faxineira falava sem parar, de modo que pôde ouvir sua cantilena em crescendo desde o corredor até a porta de seu quarto.
- Sua vizinha está cantando no banheiro. Sabonete cheiroso o dela, parece de fada. E o senhor está virando criança outra vez, que negócio é esse de não puxar a descarga?
10 Comentários:
É tão bonito se enganar as vezes. Acabamos por perceber coisas que sem "sinais", não perceberíamos.
Que bom que não foi o amor deles "uma merda".
Beijo, querido.
Não, o amor não, Louise!
Beijo!
Olá Francisco!
Sobre o teu trabalho, A noção de virtualidade em Bergson poder-me-ás dizer qual o link, porque precisarei de o referenciar!
Beijinhos
Alice
Prontamente, Alice!
Esta é a página:
http://pontocinza.wordpress.com/bergson/
E este é o atalho para o arquivo:
http://pontocinza.files.wordpress.com/2007/01/nvb.pdf
Beijinhos e até sempre!
Ah afinal está aqui: http://pontocinza.files.wordpress.com/2007/01/nvb.pdf
Excelente este teu trabalho, depois entrarei em contacto contigo.
Beijinhos e muito obrigada
Alice
Coincidentes :) hehe
É ainda sobre a importância da IMAGEM...
Obrigada e até sempre
Alice
Quando o encontro é bom, co-incidir é ótimo. =)
Obrigado, Alice, fico à espera de notícias suas.
Até sempre!
a verdade é que homem sempre pensa que a "merda" veio da parte da mulher, jamais viria dele!!!
esta veio mesmo de dentro dele. e tresandava. bem feito!
Hahahaha, sim, seria mesmo bem feito!
Se ele fosse esse tipo de homem...
Mas o fato é que esse vínculo deriva de uma frase ambígua:
"Que merda!, pensou, e lembrou da noite anterior."
Já que não era minha intenção sugerir esse vínculo e já que você é a segunda pessoa a percebê-lo, lá vou eu refazer o texto. Obrigado!
Não custa lembrar que a heroína da história é a faxineira - que revela ou desvela as respectivas fontes dos simulacros.
Se é que não estamos a lidar com presenças, é claro. =)
rs Q privilégio de construção.
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