19.4.08

surrealismos

Ligar a TV é sempre uma experiência surreal.

Outro dia mesmo uma menina caiu da laje. Estava tranqüila, falando; imagino-a até sorrindo. Esperou mais de duas horas por uma ambulância e acabou morrendo. Isso não é um crime intolerável? E no entanto só falam da outra, branca e de classe média.

Ouço a chamada: existe um tempo ideal para a relação sexual. Saiba se você...

Mas que estupidez. Sexo, como todo o resto, é acontecimento. Cinco minutos, cinco horas, cinco dias... DEPENDE! Mas e os tolos que acreditam no "ideal"? Como ficam?

Depois, a indignada propaganda das fábricas de cerveja contra a proibição da propaganda de cerveja na TV. O argumento é o seguinte: eles apenas anunciam seu produto. Se uns poucos bebem demais e fazem bobagem, o problema é dessa minoria, e não deles ou da maioria que apenas engorda em frente à TV.

Qualquer debilóide com metade do cérebro extirpado a golpes de facão percebe que há um vício nesse raciocínio. Pois se a propaganda influencia indiscriminadamente gente que bebe com responsabilidade e gente que bebe e fica propensa a fazer bobagem, estimular mais gente a beber é aumentar o número tanto dos primeiros quanto dos últimos.

Para rematar o cinismo da coisa toda, eles invocam a liberdade de expressão como um direito sagrado. Mas já existem limites à liberdade de expressão. Propaganda nazista e racista não pode. Propaganda de drogas pode?

E vender tolices como o "tempo ideal" de uma relação sexual, pode também?

O que queremos afinal? Um povo de pensadores ou um rebanho de neuróticos atormentados por fantasmas derivados de normas imaginárias? É, talvez a vida se torne mais fácil para eles se estiverem entorpecidos pelo álcool e por um monte de imagens coloridas, de preferência em altíssima definição...

Agora me respondam: sou eu quem tem que perder seu tempo dizendo essas coisas?

10 Comentários:

Blogger Mayra Kinte disse...

"O que queremos afinal? Um povo de pensadores ou um rebanho de neuróticos atormentados por fantasmas derivados de normas imaginárias?"

NÓS queremos primeira opção, Chico. Já ELES...eles querem um povo cada vez mais burro, cada vez menos instruído para que possa ser manipulados por ELES.
A maior e mais bizarra prova disso é a P... da aprovação automática das escolas públicas.
Já pensou se todos tivessem um pensamento crítico e que arrebatasse com esse sistema medíocre?Já pensou? Coitado dos nossos governantes, Chico...eles ficariam sem emprego. Que pena...

Ótimo post, Amigo Meu!

Abraços, Maricota!

22 de abril de 2008 às 11:16  
Blogger Mayra Kinte disse...

É por isso que concordo com Oiticica:
"Seja Marginal, Seja Herói!"

22 de abril de 2008 às 11:27  
Blogger Francisco Fuchs disse...

É, Maricota, você tocou num tema pra lá de importante.

Um colega do trabalho é também professor de francês na rede pública e diz que os estudantes (estudantes?) não estão nem aí para nada. Pudera, né? Com essa lei criminosa em vigor...

Pra ser bandido é preciso apenas coragem, mas pra ser marginal é preciso bem mais do que isso, não é não?

É sempre muito bom ter você por aqui, Maricota. Abraços!

23 de abril de 2008 às 11:32  
Blogger Joice Marino disse...

'Cota, Chico...

Concordo com isso. Sei que precisava mesmo ser diferente, assim como um montão de coisas por aí...
Mas lanço aqui uma luzinha pequenininha que faz parte de mim...

Quem foi que disse que precisamos de escola? Afirmo: não precisamos não.

Ainda bem...

=.)

Meu beijo marginal.

23 de abril de 2008 às 18:46  
Anonymous Anônimo disse...

É, minha querida...

É bom dar uma radicalizada de vez em quando para manter a visão desembaçada. =)

Meu beijo!

24 de abril de 2008 às 16:25  
Blogger Joice Marino disse...

Ah!Chico querido,

Acho que grande parte da minha admiração por você vem das palavras que você escolhe.

Sou apaixonada pelas palavras e, quando elas são precisas, é uma festa em meu espírito. Você bem sabe.

É isso mesmo. Radicalizar é preciso, de vez em quando.
Por vezes penso que essa mania de relativizar tudo(ai, como isso está na moda!) é uma coisa muito nociva. Não que relativizar não seja importante mas, acho que isso anda beirando a covardia. Porém, a única vez que disso isso, quase fui comparada ao exército de Israel! =S

Desembaçar a visão...maravilha!
Que boa palavra. =.)

Me lembrei da história das lentes de Spinoza. Como é bonito aquilo.

Das lentes de Spinoza, fui direto para a lembrança da época em que vi suas fotos e do Ulpiano e percebi vocês dois com o mesmo modelo de óculos.

E, desta lembrança, já parti para o seu mini conto dos óculos que 'acompanham o livro mas é o próprio freguês que monta'...ai como aquilo é bom!(Tem noção de como aquilo é bom?)

Será que ando com uma espécie de 'esquizofrenia da metáfora'? Ou a vida é mesmo animada de signos, neste nível?

Sei lá, o que sei é que é maravilhoso percorrer todos os lugares que nós nos levamos.
(sei, a frase não é das melhores, mas é precisamente isso o que quero dizer) =P

Beijo, meu querido.

28 de abril de 2008 às 12:30  
Blogger Francisco Fuchs disse...

Minha querida,

Eu diria que "a vida é mesmo animada de signos".

E que eles nos levamos para todos os lugares, imagináveis ou não.

No mais, tudo o que eu posso dizer é que você me bota pra cima. =D

Beijos, beijos!

28 de abril de 2008 às 16:22  
Blogger Joice Marino disse...

Ah, Chico...


=D

Você também, sabia? Ah, sabia, claro!

E não me refiro só às alturas que meu espírito alcança, quando você me busca. (Bonitinho...)

Aliás, alturas, lonjuras, superfícies, profundezas, até a idiotia me é bem vinda!

Transitar, não é mesmo?

Transitar por todos os lugares. Com você, lógico. Assim é bem mais divertido.

=.)

Beijos!

29 de abril de 2008 às 22:06  
Anonymous Anônimo disse...

Levei quase um mês para responder... Mas o que é o tempo, não é mesmo? =)

As duas regras do eterno retorno:

1. Afirmar até o mais baixo
2. Não explicar demais

Tá bom, né? =D

Um beijo tardio porém não menos atento, minha querida.

28 de maio de 2008 às 18:35  
Blogger Joice Marino disse...

É mesmo. =.)

Beijo, atento,cedo ou tarde, é sempre muito bom. =D


Tá ótimo!Sim!Sim!




O tempo é onde eu quero estar. (estou)
Pas-san-d o . . .


Bom, não sei se é onde ou aonde mas o fato é que não temos tempo e estamos no tempo. ;)

Beijo.

3 de junho de 2008 às 21:14  

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