21.11.08

antipasseatas

Pois é, o termo não existia, ao menos no sentido que quero dar-lhe; tive que inventá-lo. E já que o brasileiro médio leva tudo na galhofa, talvez não fosse má idéia passar da invenção da palavra à invenção da coisa.

Por exemplo, não temos disposição para ir às ruas exigir um projeto de educação pública de qualidade (começando pelos locais onde a população negra e parda é, estatisticamente, majoritária: isso é que seria uma "ação afirmativa" inteligente.) Seria "chato". Seria "sério" demais - e nem mesmo seria heróico como em tempos idos. Qualquer desculpa, até o sol ou a chuva, seria suficiente para escafedermo-nos.

Diante desse quadro, por que não organizar antipasseatas? Ainda tomando a educação como exemplo, poderíamos ir às ruas para clamar pelo fim das escolas públicas e pela transformação dos prédios em bordéis - onde as prostitutas se vestiriam de colegiais, é claro. Ao menos seria divertido: todo mundo antiprotestando e anti-reivindicando numa enorme e carnavalesca antipasseata cujas palavras de ordem poderiam ser: "fechem os livros e abram as pernas!", ou então: "menos professoras e mais putas!", ou ainda: "educação de cu é rola!".

Quero crer que nossos governantes perceberiam a ironia mordaz dessas manifestações. E se não percebessem, bem, nunca é tarde para voltar a estudar.

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