29.9.11

cogumelos

Outrora chamados de "alucinógenos", depois batizados de "enteógenos", os cogumelos mágicos (como os que produzem psilocibina) ainda estão, a meu ver, à espera de uma nomenclatura apropriada. Relacioná-los a alucinações é claramente um equívoco, mas relacioná-los a uma experiência de Deus também pode ocasionar vários outros equívocos. Apesar disso, vejo com simpatia a nova terminologia, pois ela induz as pessoas religiosas a perceber esses cogumelos, bem como a substância que eles produzem, com o respeito que eles merecem. O pior dos equívocos seria classificá-los na categoria genérica do que chamamos habitualmente de "droga". Os enteógenos nada têm a ver com nirvanas ou euforias artificiais. A experiência que eles induzem é qualitativamente diferente, é de outra natureza. Autores como Gordon Wasson e Peter Furst mostraram que os enteógenos tiveram um papel privilegiado em praticamente todas as culturas tradicionais, e aqui no Brasil, por sorte, algo disso ainda sobrevive. No entanto, como os homens médios têm mania de fechar portas - não só as suas como também as alheias - ao invés de abri-las, eu não costumo tocar nesse assunto e sempre tenho receio de ver esse tema sendo noticiado na imprensa. Mas esta matéria publicada n'O Globo me deixou um pouco mais esperançoso. Continuo achando que arte, ciência e filosofia são as potências fundamentais na autoprodução do homem, mas como disse Don Juan Matus, um empurrãozinho enteógeno pode ser às vezes um meio eficaz para sacudir nossa burrice e nosso torpor.

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