18.11.13

Estamos vivos desde o começo do mundo

Estamos vivos desde o começo do mundo. Raymond Ruyer qualifica esse enunciado de antiparadoxo¹. O argumento é muito fácil de entender. Por exemplo, eu resultei da fusão de uma célula de meu pai e de uma célula de minha mãe. Meu pai, por sua vez, resultou da fusão de duas células (provenientes de meus avós paternos), do mesmo modo que minha mãe resultou da fusão de duas células (provenientes de meus avós maternos)... Essa regressão não tem fim, ou melhor, ela nos conduz (a todos) diretamente à primeira célula. Cada célula de cada ser vivo está viva desde o início da vida.

Quem teve a sorte de estudar um pouco de biologia molecular sabe que essa afirmação está em conformidade com a "mais positiva ciência".² Afinal, os átomos e moléculas passaram, e continuam passando a cada momento, mas as estruturas vivas - as células e os organismos - ao mesmo tempo se conservaram e evoluíram ao longos dos 3,5 bilhões de anos de história da vida.

Por isso, conclui Ruyer, "não existe nenhuma simetria entre o nascimento e a morte... Nós jamais estivemos mortos, e a morte é um acontecimento sem precedentes. Sem precedentes e sem reversibilidade."³



¹ RUYER, Raymond. La Gnose de Princeton, Paris, Fayard, 1974, capítulo XI, p. 110 (existe tradução brasileira).
² Ibidem.
³ Idem, p. 115.

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