4.7.14

(Mais) algumas palavras sobre futebol

Aos 25 minutos do segundo tempo, pouco depois do gol de David Luiz, eu comecei a dizer para o Felipão: "Tira o Neymar e coloca o Bernard..." Repeti a frase várias vezes durante os minutos seguintes. Neymar poderia levar o segundo amarelo; ele poderia se machucar; e já que não estava mesmo fazendo uma grande partida, mais valeria colocar sangue novo, no caso Bernard, um jogador hábil e veloz o bastante para liquidar o jogo num contra-ataque.

Felipão, é claro, não me ouviu, e provavelmente não teria me ouvido ainda que eu estivesse bem ao seu lado. Depois que a Colômbia diminuiu a vantagem, ele preferiu fazer mais do mesmo, tirando Hulk e colocando Ramires. E ali pode ter começado a derrocada do Brasil na Copa do Mundo de 2014.

Derrocada que poderia ter se consumado hoje mesmo. Quando Neymar, que está fora da Copa, se machucou, Felipão o substituiu... por um zagueiro. A Colômbia vinha com tudo para o ataque, e se conseguisse o empate, seríamos eliminados na prorrogação. Afinal, sem Neymar, sem Hulk e sem Fred (que já estava morto), e sem a possibilidade de fazer qualquer outra modificação (Hernanes havia substituído Paulinho), pouco poderíamos fazer senão tentar segurar o resultado e levar a decisão para os pênaltis.

Se bem que os dois gols do Brasil foram feitos (em bolas paradas) pelos nossos dois zagueiros, os melhores do mundo. Por causa de um cartão amarelo bobo, um deles está fora da semifinal. Há trinta ou quarenta anos, o que ele fez teria sido um lance absolutamente normal e o Brasil teria feito o terceiro gol. Ao que parece, as coisas mudaram. Mas se as regras mudaram e Thiago Silva não foi avisado, a responsabilidade é toda da comissão técnica. Numa Copa do Mundo, todas as possibilidade precisam ser discutidas. E se aquilo que valia na época de Pelé (lembram?) não vale mais, os jogadores precisam ser lembrados disso.

Tudo o que eu sei é que eu jamais ouvi falar dessa mudança nas regras. Se o goleiro joga a bola para cima, a bola está em jogo; e ele que se cuide para que não lhe tirem o doce da boca. Se essa hipótese estiver correta, e se o que Thiago Silva fez não é ilegal, o juiz, num único lance, nos roubou um gol e tirou da semifinal um dos melhores jogadores do mundo.

E o juiz? 

Se o colombiano Zúñiga tivesse levado ao menos um cartão amarelo quando entrou com a sola da chuteira no joelho de Hulk, talvez pensasse duas vezes antes de voar com o joelho nas costas de Neymar. Mas ele saiu do jogo sem nenhum cartão. Carlos Velasco Carballo é o nome do péssimo árbitro espanhol.

E a Alemanha? 

Sem Neymar e Thiago Silva, nossa seleção não terá, a princípio, a menor chance contra um time habilidoso, ofensivo e bem estruturado como o da Alemanha. Mas milagres acontecem, e se a seleção conseguir a façanha de vencer a Alemanha, acabará vencendo a Copa. Não conto com isso, mas vou torcer muito. Não é impossível.

O problema é que Felipão é, digamos assim, um homem de sinapses consolidadas. É um bom técnico, mas entende tanto de criatividade quanto eu entendo de estamparia em tecidos – e seu time é um reflexo disso. Se vencermos, venceremos apesar dele.

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