8.8.15

O que o Windows 10 significa para a Microsoft? (Parte 2)

Por que a Microsoft está abrindo mão de boa parte da receita imediata que a venda do Windows 10 proporcionaria?

Em primeiro lugar, porque há, assim como no Windows 8, uma loja da Microsoft integrada ao sistema operacional. Se não fosse pelo enorme número de programas desenvolvidos para ele, o Windows jamais teria se tornado o que é hoje. A força do Windows reside nesse mutualismo entre a Microsoft e uma legião de desenvolvedores de software; isso é de conhecimento comum e foi afirmado muito claramente nas palestras proferidas em junho no WPC (Worldwide Partner Conference). Pois bem: a loja da Microsoft tem por objetivo reforçar o mutualismo, dando enorme visibilidade aos desenvolvedores e dando à Microsoft uma fatia dos lucros gerados pelos programas e aplicativos desenvolvidos pelos seus parceiros.
Em segundo lugar, a Microsoft, dona de uma poderosa rede de computadores, transformou em prioridade o investimento na oferta de armazenamento e de serviços baseados na nuvem. Isso vale para o usuário doméstico mas, sobretudo, para o usuário corporativo. Serviços como o Azure e o Office 365 são apenas o começo.

Em terceiro lugar, a Microsoft está planejando mudar o esquema de licenciamento do Windows. Em vez de cobrar uma só vez pela licença do sistema operacional, como agora, a empresa pretende transformar o Windows num serviço pago de acordo com um modelo de subscrição. Isso irá provavelmente acontecer depois de 2025, quando o Windows 10 será descontinuado, mas aqui eu estou apenas oferecendo meu palpite. Ninguém sabe ao certo como essa transição vai acontecer, e quando.

Em quarto lugar, a Microsoft está querendo mudar os hábitos do usuário para dar uma espécie de golpe no Google. A jogada é simples: deslocar a busca na Internet, tradicionalmente realizada a partir de um navegador, para um campo localizado na barra de tarefas (Cortana). Ora, o Cortana (ou "a" Cortana) utiliza, evidentemente, o mecanismo de busca Bing, da própria Microsoft, e mudar isso seria muito difícil. No entanto, dois dias depois do lançamento do Windows, já apareceu o Chrometana, que permite ao usuário escolher (como ocorre no navegador) seu buscador preferido.

Em quinto lugar, e aqui está a maior e mais desagradável surpresa, a Microsoft pretende começar a lucrar com o uso (e a venda a terceiros) dos dados pessoais gerados pelos usuários do Windows. A comunidade hacker está com os olhos arregalados com a desfaçatez da Microsoft. E não se trata apenas de gente que já está "do outro lado" há muito tempo, como Richard Stallman. Mesmo num fórum como o MDL, tradicionalmente simpático à Microsoft e ao Windows, os programadores e administradores de sistemas ligaram, por assim dizer, o alerta vermelho.

Portanto, Windows Store, nuvem, Windows como um serviço, imposição do Bing e uso de dados pessoais dos usuários são, basicamente, as razões pelas quais a Microsoft está oferecendo de graça o Windows 10. Essas razões, somadas à presença simultânea do Windows 10 em diferentes plataformas, fazem desse sistema operacional uma aposta radical (e arriscada) da gigante de Redmond.

Na terceira e última postagem, a mais longa e importante desta série, veremos o que o Windows 10 significa para o consumidor ou usuário. Para o leitor que deseja fazer seu dever de casa, recomendo a leitura da Declaração de Privacidade da Microsoft (ou ao menos da parte relativa a dados pessoais), seja em português, seja em inglês


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