7.11.15

gente lesa




"Eu tinha 18 anos e passava todos os dias pela praça Quinze para pegar a barca que me levava à faculdade em Niterói. E era ali que se dava o nosso drama. Gentileza nos avistava – a nós, mocinhas, geralmente de jeans ou minissaia – e surgia aos berros à nossa frente. Não suportava ver mulheres de calça comprida ("Tira as calças do papai!", gritava, possesso) e de batom. Espumava: "São ofensas a Deus!". Nós corríamos, ele atrás. Nunca nos alcançou, mas, de tão agressivo, sabíamos que, se pudesse, nos daria uma surra ali, no meio da rua. Era humilhante e constrangedor. Tínhamos-lhe horror, e aquele apelido, Gentileza, era uma ironia. (...) Não se entende como a 'história' o absolveu."

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