29.11.15

tagarelice e genocídio

Ser objeto da atenção de apenas três quatro leitores e meio tem lá suas vantagens. Uma vez que o alcance de minhas palavras é muito limitado, eventuais erros que eu possa cometer terão conseqüências igualmente limitadas. Continuo a ser, no entanto, responsável pelo que digo diante desses quatro e meio, e me esforço para não errar; mas ainda que falasse somente para mim mesmo, continuaria esforçando-me para não errar, pois, afinal de contas, sou ouvinte de mim mesmo.

Por essa e por várias outras razões, a vaporosa existência dos tagarelas jamais deixará de fascinar-me. Eles mal sabem do que estão falando, mas pouco se importam com isso ou com as possíveis conseqüências de suas palavras. Por vezes, os resultados são tragicamente visíveis, como ocorreu em 2014 com Fabiane Maria de Jesus. Mas, na maior parte das vezes, o dano é difuso e difícil de mensurar.

Quanto mais amplo é o alcance de um comunicador ou de um meio de comunicação, maior é sua responsabilidade em relação à mensagem que veicula e aos afetos que estimula. Mas os meios de comunicação em geral, e a TV em particular, renegam essa responsabilidade e se comportam, muitas vezes, como autênticos criminosos de guerra (ou genocidas, como diria o professor e artista plástico Kazuo Iha). Parece exagero, eu sei. Mas bastaria examinar uns tantos casos com suficiente profundidade para demonstrar que a tagarelice e o genocídio andam de mãos dadas.

* * *

Só não me confundam com esses que falam (ou escrevem, ou gravam vídeos) para... pedir silêncio aos demais. Talvez eles sejam os piores, pois juntam à sua tagarelice a vocação autoritária de quem não tolera ouvir o outro: a palavra é de prata, o silêncio é de ouro...

Não é silêncio o que eu peço.

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