5.2.16

Hitler goes bananas (parte 1)


Foto: Heinrich Hoffmann (1925)

Tem sido primoroso o trabalho de divulgação do livro Minha Luta, de Adolf Hitler. Aquilo que não deveria passar de uma nota de pé de página nos cadernos culturais (a passagem da obra ao domínio público) está ganhando contornos de polêmica. Tudo por causa desta decisão judicial que determina "a proibição de exposição, venda, ou divulgação a qualquer título, da obra intitulada “Minha Luta”, de Adolf Hitler".

Eu mesmo não tive paciência (estômago eu tenho) para ler essa porcaria, mas por acaso precisei consultá-la há alguns anos para obter uma resposta bem fundamentada a uma questão muito simples: Hitler acreditava em Deus?

Não foi difícil, na ocasião, encontrar a obra em português, espanhol, francês, inglês... Entre estas, a única edição eletrônica que me inspirou um pouco mais de confiança (ainda que não apresentasse o nome da editora) foi a americana, pois continha até mesmo um índice temático e onomástico.

Mas nada se compara, é claro, à magnífica reedição alemã de 2016. Essa edição crítica, que contém 3.700 notas, é a referência privilegiada para qualquer tradução que venha a ser realizada nos próximos anos. E se o juiz Salomão, secundado por especialistas da área, determinasse que apenas essa nova edição alemã poderia ser traduzida e publicada no Brasil, eu talvez achasse pitoresco, mas me daria por satisfeito.

(Na verdade, se coubesse a mim a reedição desse livro, eu iria um pouco mais longe e faria de tudo para incluir na edição brasileira, já nas primeiras páginas do livro, as famosas fotos de Heinrich Hoffmann: Hitler ensaiando enquanto ouvia seus próprios discursos no gramofone.)

Fotos: Heinrich Hoffmann (1925)

Uma decisão dessas teria sido um duro golpe em qualquer editora que estivesse tentando aproveitar-se da queda de Mein Kampf sob domínio público para simplesmente reeditar o livro sem maiores cuidados e faturar em tempos de crise. O público brasileiro, em compensação, estaria sendo muito bem atendido, tendo acesso a uma edição crítica (em mais de um sentido) que os próprios alemães consideraram adequada.

Em vez disso, a obra foi sumariamente proibida. Nas próximas postagens irei analisar essa proibição a partir de dois pontos de vista diferentes.


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