2.9.16

O senador imaginário

Nenhum senador foi suficientemente brilhante para perceber, no calor do momento, o único argumento efetivamente matador, aquele que seria fatal ao conchavo que dividiu em duas a votação do impeachment.

O que aconteceria se Dilma se livrasse da perda do mandato (primeira votação), mas fosse declarada inabilitada por oito anos (segunda votação)? Passaríamos a ter, no cargo de chefe máximo do executivo, alguém que foi declarado inapto para exercer uma função pública? Seríamos motivo de chacota no mundo inteiro, ou, como diriam os uruguaios, no universo inteiro. Assim, em hipótese alguma poderíamos correr o risco de fazer duas votações.

Essa foi a sacada de quem estende do riscado. Se as penas são autônomas... É claro que, après coup, tudo fica muito mais fácil. Mas a verdade é que nos falta um senador brilhante.

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Até onde eu pude entender, "destaques" são rotineiramente realizados no decorrer dos trabalhos legislativos e dizem respeito às proposições. Mas na sessão do dia 31 o destaque incidiu sobre o próprio texto da Constituição. A coisa foi tão feia, mas tão feia, que até o Jô Soares ficou indignado.

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Segundo Roberto Ribeiro, consultor legislativo do Senado, o assunto é "bastante polêmico" por conta da redação do dispositivo constitucional, que é "dúbia".

Se ao excelentíssimo consultor for oferecido um pão com ovo, ele dificilmente aceitará que seja contrariada sua expectativa de encontrar, dentro do pão, um ovo. Mas quando o assunto é "perda do cargo com inabilitação", tudo fica dúbio, é claro...
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No fim das contas, os mesmos políticos entregaram a cabeça de Dilma numa bandeja não querem nada além de se safar das investigações. Dá-me um foro privilegiado e eu te darei as estrelas.

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