4.8.17

Crise política 4: considerações finais?

Numa postagem anterior eu listei algumas sugestões para uma reforma política: parlamentarismo, voto distrital, fim do voto obrigatório, candidaturas independentes, austeridade das campanhas (debate de idéias em vez de espetáculo), criação de fóruns virtuais com participação livre dos cidadãos. Faltou mencionar, entre outras coisas, a volta de uma cláusula de barreira e o fim do foro privilegiado.

O sistema proporcional, que faz com que ilustres desconhecidos, mesmo tendo recebido pouquíssimos votos, sejam eleitos para os órgãos legislativos, tem como único objetivo assegurar o poder das quadrilhas. No fundo, o beneficiário do voto não é o candidato, mas a quadrilha. Como tantas outras coisas neste país, esse sistema foi feito para não dar certo. A não ser, é claro, para os interessados de sempre. O mesmo se aplica ao foro privilegiado.

A situação brasileira é tão grave que às vezes me passam pela cabeça idéias estranhas. Por exemplo, escolas para políticos. Disciplinas? Noções essenciais de economia, direito, administração pública e... política. Ética ou Filosofia? Seria pedir demais. O Brasil não está preparado para tanta sofisticação.

Não estou dizendo algo autoritário do tipo "apenas gente com diploma deveria concorrer". Ao contrário, estou propondo que todos os postulantes a cargos públicos, seja qual for sua formação escolar ou acadêmica, tenham de se submeter a cursos básicos de preparação para o exercício do cargo. Candidatos com diploma de nível superior, ou mesmo pós-graduação, também teriam de fazer o curso. Valeria para todos. Talvez fosse possível abrir algumas exceções: por exemplo, isentar da disciplina de Economia os formados em Economia, e assim por diante.

Assim, a massa de candidatos estaria um pouquinho mais nivelada e preparada para o debate legislativo e para a prática da administração pública. Afinal, se todas as profissões exigem algum tipo de formação, como pode ser que políticos possam legislar e tomar decisões que afetam a vida de milhões sem qualquer tipo de preparação prévia?

Políticos que rejeitassem uma proposta como essa já me pareceriam suspeitos de antemão. Se eles não estiverem dispostos a dar ouvidos a uns poucos professores pelo breve período, digamos, de um ano, não seria legítimo perguntar se eles realmente estariam dispostos, posteriormente, a dar ouvidos aos seus eleitores?

O amigo leitor poderá fazer questão de lembrar-me de que não é preciso cursinho para aprender a conspirar, roubar e mentir, e que, portanto, políticos não precisam aprender coisa nenhuma.

Eu provavelmente responderia que oito anos de inelegibilidade são muito pouco, e que não deveria haver uma segunda chance.

E depois ficaria em silêncio. É cada idéia besta...

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