3.10.18

rumo ao futuro

Tornou-se mais fácil ameaçar os habitantes das comunidades mais vulneráveis de todo o país, sobretudo em áreas dominadas pelo crime organizado. Na época do voto manual, apenas os mais ingênuos acreditariam que o crime conseguiria identificá-los por meio de garranchos num pedaço de papel; agora, com a urna eletrônica, é muito mais fácil fazê-los acreditar que seus votos poderiam ser rastreados e descobertos.

Enquanto na Alemanha as urnas eletrônicas foram declaradas inconstitucionais, aqui é a impressão do voto que é tida como inconstitucional.

Eu compreendo que o TSE defenda o sistema atual com unhas e dentes e compreendo que seus textos se assemelhem a campanhas publicitárias. Administrar sistemas informáticos é muito mais divertido do que ficar contando uma inimaginável quantidade de papéis. É preciso admitir que as urnas eletrônicas são mais modernas e excitantes do que o sistema manual. Só não servem para a democracia, como explicou com suprema simplicidade o Tribunal Constitucional Federal alemão; mas, aqui, quem se importa?

Não estou dizendo isso para apoiar as teses do candidato A ou B. Não estou pensando no próximo governo, mas nos próximos 100 anos. E estou, claro, aproveitando que ainda é possível mencionar o tema. Em breve (talvez 10 anos?), qualquer declaração que ponha em dúvida a lisura do processo eleitoral será considerada (vejam só) um atentado à Democracia e à Segurança Nacional.

O Brasil pode não ser o "país do futuro", mas está se tornando o grande laboratório das sociedades de controle do futuro. Não conheço outro país do mundo, ou ao menos nenhum país com a importância do Brasil, em que a tecnologia e o autoritarismo estejam a ponto de fazer um encontro tão promissor.

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