19.4.19

Confrontation: Badiou versus Finkielkraut


Este é, por enquanto, o meu livro do ano, tanto mais surpreendente nestes tempos em que os confrontos não conduzem ao diálogo, mas a sórdidos jogos de poder. Realmente esclarecedor.

Hoje (dia 19 de abril) haverá um confronto semelhante: Slavoj Zizek versus Jordan Peterson. Ainda não conheço o trabalho de Peterson e só conheço Zizek a partir de uns poucos textos, mas se a conversa render apenas metade do que rendeu o debate entre Badiou e Finkielkraut, terá valido a pena. Espero que liberem o material o quanto antes, pois não pretendo pagar apenas para assistir online...

update (20.04.2019)

O debate será oficialmente liberado no YouTube dentro de um mês, mas já estão circulando cópias não autorizadas do vídeo na plataforma. Peterson não fez justiça ao pensamento marxista, sobretudo quando mencionou as relações entre Homem e Natureza; de resto, fez as inevitáveis críticas que se espera de alguém que prefaciou um livro de Solzhenitsyn e disse coisas bastante sensatas.

Zizek, por sua vez, pareceu-me fazer críticas ao capitalismo muito mais inteligentes e nuançadas do que as de Badiou no seu debate com Finkielkraut. Apesar da dificuldade para entender o inglês macarrônico de Zizek, fica a impressão de que ele estava muito mais à vontade, o que acabou passando a impressão (errônea ou não) de que ele estava mais bem preparado, seja lá o que isso signifique.

O debate entre Badiou e Finkielkraut (curiosamente ignorado nesta matéria do jornal O Globo) foi centrado em temas atuais e específicos, o que faz dele um vigoroso estímulo ao pensamento. Já o debate entre Peterson e Zizek, centrado num tema demasiadamente geral, valeu mais pela mútua boa vontade entre os dois acadêmicos e pelos surpreendentes pontos de contato apresentados, inclusive na crítica ao politicamente correto.

Impossível terminar esta nota sem mencionar a exposição de Zizek sobre a tese de Brian Andre Victoria (Zen and Japanese Militarism). Afinal, a crítica ao que há de terrível numa tal tese só pode conduzir ao estabelecimento da responsabilidade individual como um conceito-chave incontornável. Eu até me arriscaria a dizer que esse é o centro que esquerda e direita não podem desprezar jamais.

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