A diferença conceitual entre rememorar e comemorar
Lá pelos anos 90, se não me falha a memória, uma simpática escritora brasileira cujo nome não cometerei a indelicadeza de revelar disse, no programa televisivo Sem censura, que a palavra "comemorar" reunia os vocábulos "comer, morar".
Foi um choque, já que a escritora não estava descrevendo uma vista puramente poética (que seria inteiramente aceitável), mas uma suposta (e fantasiosa) etimologia da palavra.
Lembrei-me desse fato hoje, ao ler, num jornal de circulação nacional, o texto de um jornalista muito conhecido que escreveu o seguinte: a etimologia não distingue a palavra "rememorar" da palavra "comemorar".
Pode ser. O problema é que ninguém leva em conta a etimologia, por exemplo, ao chamar alguém de idiota. Conhecer a origem de uma palavra e sua etimologia é sempre (ou quase sempre) esclarecedor, como vimos na análise da origem da palavra "chiclete"; mas usar esse conhecimento para engessar a língua e dar curso a mal disfarçadas sanhas inquisitoriais é coisa completamente distinta.
Para mim, que por acaso escrevi sobre o tema da rememoração no primeiro capítulo de minha dissertação, a coisa toda é, do ponto de vista conceitual, que não coincide necessariamente com o ponto de vista etimológico, extremamente simples.
Rememorar é um ato psicológico. Comemorar (tal como cooperar) é um ato social.
Foi um choque, já que a escritora não estava descrevendo uma vista puramente poética (que seria inteiramente aceitável), mas uma suposta (e fantasiosa) etimologia da palavra.
Lembrei-me desse fato hoje, ao ler, num jornal de circulação nacional, o texto de um jornalista muito conhecido que escreveu o seguinte: a etimologia não distingue a palavra "rememorar" da palavra "comemorar".
Pode ser. O problema é que ninguém leva em conta a etimologia, por exemplo, ao chamar alguém de idiota. Conhecer a origem de uma palavra e sua etimologia é sempre (ou quase sempre) esclarecedor, como vimos na análise da origem da palavra "chiclete"; mas usar esse conhecimento para engessar a língua e dar curso a mal disfarçadas sanhas inquisitoriais é coisa completamente distinta.
Para mim, que por acaso escrevi sobre o tema da rememoração no primeiro capítulo de minha dissertação, a coisa toda é, do ponto de vista conceitual, que não coincide necessariamente com o ponto de vista etimológico, extremamente simples.
Rememorar é um ato psicológico. Comemorar (tal como cooperar) é um ato social.
* * *
E é só isso. De minha parte, nada a comemorar.
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