21.7.13

o esquema que saiu dos trilhos

Nem uma só palavra foi publicada na Folha, n'O Globo ou no Estadão... Mas é fácil achar esta matéria publicada pela "ISTO É" no Google. Tenha um bom domingo!

6.7.13

a cultura da droga

De repente, o mundo inteiro ganha novas cores e tudo fica diferente, excitante, fora do comum. Nada mais é chato, banal, entediante; tudo é festa, música e dança, todas as mulheres são lindas e todas ostentam sorrisos cheios de promessas. Pure magic.

Parece propaganda de bebida alcoólica? Pode apostar.

Os publicitários já não perdem tempo alardeando os aspectos sensoriais (como o sabor) da bebida, ou o valor simbólico de seu consumo (aquisição de status). Agora (mas isso começou há muitos anos), o foco de grande parte das peças publicitárias veiculadas na TV é outro. O foco, agora, consiste em mostrar a bebida como algo que produz um efeito, ou seja, um estado alterado de consciência (no qual a socialização e, acima de tudo, o sexo, acontecem com mais facilidade.)

Aqui o leitor poderá me perguntar: sim, mas... e daí? O álcool é uma droga, e drogas produzem estados alterados de consciência. Qual é o problema?

Bem, o problema é que um sem-número de pessoas sofre, direta e indiretamente, os efeitos da chamada "guerra às drogas". Enquanto isso, veículos de massa como a TV exibem, a todo momento e em qualquer horário, peças publicitárias que fazem apologia dos estados alterados de consciência.

Como não chamar de esquizofrênico (no mau sentido) esse massivo exercício de double-bind? Por um lado, as campanhas de "diga não às drogas" financiadas pelos governos, e por outro, a glamorização incessante, financiada pelo Mercado, dos estados alterados de consciência induzidos por drogas.

E mesmo diante da evidência das evidências, ainda há retardados que teimam em repetir que "a maconha é a porta de entrada" para o mundo das drogas. É até compreensível que eles nunca tenham somado dois e dois, de modo a concluir que o usuário de maconha sempre foi forçado a comprar sua erva precisamente das mãos daqueles que vendem drogas refinadas e pesadas. Mas eu não consigo crer que eles ainda não tenham percebido que os adolescentes estão bebendo cada vez mais e cada vez mais cedo. A porta de entrada das drogas é – e provavelmente sempre foi – o copo.

Diante dessa situação, que fazer? Proibir os estados alterados de consciência está fora de questão, até porque seria necessário proibir toda forma de arte, de filosofia, de religião e até mesmo de ciência. Restariam as seguintes alternativas:

(1). Proibir o álcool, fomentando ainda mais o crime organizado e conduzindo 80% da população para a clandestinidade. Não riam; por incrível que pareça, isso já aconteceu – e há menos de 100 anos – num país bastante conhecido. Não deu certo.

(2). Liberar ao menos a maconha, gerando impostos, reduzindo consideravelmente o poder do crime organizado e desglamorizando o baseado ("Deixou de ser proibido? Acabou a adrenalina de subir o morro e esquivar da polícia? Pô! Perdeu a graça... As minas não vão ficar molhadinhas só porque eu dei um pulo na farmácia... O que eu vou dizer pra elas? Que cada balconista tinha uma AR15 na mão?")

(3). Proibir a propaganda de bebidas alcoólicas em todos os meios de comunicação, tal como se fez com o cigarro.

A primeira alternativa é absurda. A segunda, embora comece a ser discutida e tenha encontrado, a esta altura, defensores de peso, encontrará resistência por parte de todos os segmentos da sociedade que se beneficiam do atual sistema: seja diretamente (o crime organizado, que abrange uma parcela da própria máquina de governo), seja indiretamente (boa parte da religião organizada, que se alimenta, inclusive financeiramente, da miséria e do sofrimento).

Mas adivinhe, caro leitor, o que será mais difícil? Exato! Essa até um publicitário caolho adivinharia, não é mesmo? O mais difícil é, paradoxalmente, fazer o mais fácil, o mais simples: proibir a propaganda de bebidas alcoólicas e tentar reverter a médio prazo a cultura da droga vigente (de forma oficial) no país. Faça essa sugestão para qualquer pessoa de inteligência mediana que trabalhe numa TV e você observará, de imediato, sinais de evidente contrariedade em seu rosto.

Eu não sou "a favor" da droga. Eu sou a favor da arte, da filosofia e da ciência. E eu também não sou "contra" a droga. Eu sou contra a estupidez de um sistema no qual uns poucos ganham (muito) com a miséria de todos. Querer que o Mercado sirva a Vida (ao invés de servir-se dela) é querer demais?

varejeira

Eu chamo a bola usada na Copa das Confederações de varejeira. E você?


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