16.1.14

Coletivo de leitura faz rolezinho em Santa Teresa

Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 2014

Um grupo de mais ou menos trezentos jovens fez, ontem à tarde, um rolezinho na Biblioteca Municipal de Santa Teresa. O encontro foi marcado numa rede social. Houve um início de tumulto entre dois grupos, mas os ânimos foram serenados rapidamente e a polícia não precisou intervir. Três horas depois, todos foram embora, muitos deles pegando livros emprestados pela biblioteca. A polícia se retirou junto com eles e, para surpresa de alguns jovens, um dos soldados levou para casa um livro de Kafka. Ele foi aplaudido pelo coletivo.

Fiz uma rápida entrevista com o líder do encontro, que preferiu manter o anonimato. Vou chamá-lo pelas iniciais do movimento: CL (Coletivo de Leitura).

PC - O que causou aquela confusão?

CL - Aquilo é uma parada antiga entre leitores de Machado de Assis e de Guimarães Rosa. Um troço que não tem nenhuma razão de ser. Mas a gente foi lá, deu um fiau na galera e tudo acabou em paz.

O que é o Coletivo de Leitura?

É um movimento de jovens que descobriram que estavam de bobeira e que resolveram fazer algo a respeito. Não somos heróis, não vamos salvar o mundo. Só queremos ouvir o que os outros disseram, mesmo que eles tenham falado muito antes da gente nascer. E pensar sobre o que eles disseram. E tirar nossas próprias conclusões. Só isso.

Se isso não salvar o mundo, o que vai salvar, não é mesmo? Mas me diga... Como surgiu o movimento? 

Isso eu não sei responder. Fomos conversando pela rede e, papo vai, papo vem, de repente alguém teve a idéia. Nem sei quem foi.

Qual é a principal reivindicação de vocês? 

Que mané reivindicação... Nós queremos é ler. E os livros estão aí.

Por que um "coletivo de leitura"? 

Ler não é um ato solitário. Para haver leitura é preciso no mínimo dois... E geralmente tem muito mais gente. A gente simplesmente leva essa lógica pra rua.

Vocês têm algum objetivo com o movimento de vocês?

Objetivo? Acho que não. Mas tem muito subjetivo. A gente entra e lê tudo que encontra pela frente. Por isso é chamado de rolezinho. Não é estudo sério, compenetrado. É só curtição mesmo. A gente vai pela adrenalina de encontrar alguém que a gente não conheça e que diga alguma coisa que preste.

Pra finalizar: o que você acha dos rolezinhos nos shoppings?

Ninguém do nosso coletivo liga pra roupa de marca, tá ligado? Mas se tiver uma boa livraria, tá valendo.

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