30.9.07

a cultura e a morte - nova série (6)

O surgimento da Internet ampliou de uma maneira antes inimaginável as possibilidades da cultura. Contudo, é possível dizer que a ação do homem sobre o homem para produzir o homem ainda encontra determinados limites extremamente difíceis de transpor, sobretudo nas primeiras fases da vida: a família e a escola. Pais e professores são agentes privilegiados da cultura, e é muito difícil compreender, por exemplo, que a remuneração dos professores em geral, e sobretudo a dos professores do ensino fundamental e médio, seja tão mesquinha. Seja como for, o futuro da cultura (ou seja, o nosso) já não pode ser pensado dentro dos limites do modelo tradicional família/escola, e este é um dos maiores desafios do nosso tempo: abrir o campo da produção do homem pelo homem a novas experimentações, a novas possibilidades de vida.

"Essa miserável questão de paternidade... Que significa ela, afinal? Que importa, quando se reflete bem nisso, que uma criança seja do nosso sangue ou não? Todos os pequeninos entes do nosso tempo são coletivamente os nossos filhos (de nós, adultos da mesma época), e são confiados ao nosso cuidado comum. Essa excessiva afeição dos pais pelos seus filhos e a indiferença em relação aos filhos dos outros não é, no fundo, da mesma forma que o sentimento de classes, o patriotismo, a preocupação de salvar a própria alma e outras virtudes, senão uma pequenez de alma exclusiva e egoísta."

Thomas Hardy: Judas, o Obscuro (1895), V, 3
Tradução de Octávio de Faria

29.9.07

flagrante

Está no Diccionario de la lengua española (Real Academia Española, 22ª edição, 2003), verbete piel:

piel de gallina - 1. f. carne de gallina (aspecto de la epidermis debido al frío o al miedo).

Frio? Medo? Então os dicionaristas nunca se arrepiam de emoção?

15.9.07

14.9.07

Ela quer ver Paris.

Paris das flores, dos bares
Paris da luz.

Ler os franceses -
nem pensar!

Paris ela quer ver.

13.9.07

Ninguém verá
estes braços ateus
estendidos para o infinito:
catedrais góticas
esticadas de desejo.

11.9.07

11 de setembro

Como meus cinco leitores (ou serão quatro?) já sabem, estou escrevendo um ensaio chamado a cultura e a morte, no qual vou desenvolver e aprofundar os esboços e anotações que publiquei sobre o tema.

Estou nisso há algum tempo, porém hoje joguei fora tudo que havia escrito. Estava ainda tímido, hesitante, como se eu tivesse que dar satisfações a alguém ou pedir desculpas por conseguir pensar alguma coisa.

De repente, tudo mudou. Já não estou procurando a chave certa para abrir a porta. Aliás, quem precisa de chave? Simplesmente meti-lhe o pé e arrombei-a (nunca tente arrombar uma porta com o ombro, você vai se machucar e não vai conseguir nada.)

E desta vez está funcionando. Está simples e direto como eu queria, e o resto virá por si só. Até senti vontade de colocar aqui os três primeiros parágrafos, mas eles farão muito mais sentido integrados ao livro.

Entretanto, o melhor de tudo é que eu me dei conta de minha tarefa, da natureza de minha tarefa. Minha tarefa é dizer o óbvio, o óbvio cujo espantoso esquecimento transformou a Terra num hospício. E dizê-lo com um sorriso.

Louisie, algo em nossa conversa ajudou a destravar o processo, e eu só não vou chamá-la de "musa" porque já reservei um destino melhor (?) e mais apropriado (?) para essa palavra (vide abaixo). Mas sem dúvida você foi "inspiradora". Obrigado.
mu
s.a.

8.9.07

O maior e o menor
o alto e o baixo
mas inteiros.

Mesmo Deus
pela metade
seria muito pouco.

5.9.07

4.9.07

complicatio

Eu não tenho quarenta e cinco anos.
Eu sou três adolescentes de quinze.
Eu sou nove crianças de cinco.
Eu sou quarenta e cinco bebês
e a metade de um velho
às portas da morte.



triagem, 03/09/2006

dia de anos

Olhe de novo o calendário:
para mim é uma data especial.
Agora sou um pouco mais mortal:
pois fiz, enfim, aniversário.

Sendo hoje meu dia de anos,
seja bem boazinha, querida,
me traga uma jarra florida
e me dê com gosto uma rima.

Pois não é nenhum sacrifício
dar a quem se ama o que lhe falta;
e já que o meu amor é peralta,
sorria: são ossos do ofício!



triagem, 04/09/2006

3.9.07

2.9.07

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