para quem tiver ouvidos
As palavras estão aí para serem definidas e redefinidas. E quando não "estão aí", nós as inventamos. O mesmo se aplica aos conceitos e a uma infinidade de outras coisas; limito-me, no entanto, a referir-me ao meu próprio campo de atividade.
Os homens, entretanto, acreditam que as palavras os definem. Essa parece ser mesmo uma ilusão fundamental (constitutiva) da humanidade. De definidores (criadores) passamos a definidos: encerrados e delimitados por uma definição ou conceito.
Seria maravilhoso se tivéssemos aqui apenas uma ilusão epistemológica, de interesse puramente teórico. O problema é que essa ilusão tem as mais graves conseqüências práticas.
Se criar, definir e redefinir palavras e conceitos nos torna senhores de nossas vidas, deixar-se delimitar por uma definição ou conceito é tornar-se escravo: ainda que nós mesmos tenhamos inventado a palavra ou conceito que nos define. Por exemplo, os "arianos" definiram-se a si mesmos como tais e nem por isso eram menos escravos.
Mais uma vez: são as palavras e conceitos que devem ser definidos e redefinidos. Não as pessoas.