29.9.11

cogumelos

Outrora chamados de "alucinógenos", depois batizados de "enteógenos", os cogumelos mágicos (como os que produzem psilocibina) ainda estão, a meu ver, à espera de uma nomenclatura apropriada. Relacioná-los a alucinações é claramente um equívoco, mas relacioná-los a uma experiência de Deus também pode ocasionar vários outros equívocos. Apesar disso, vejo com simpatia a nova terminologia, pois ela induz as pessoas religiosas a perceber esses cogumelos, bem como a substância que eles produzem, com o respeito que eles merecem. O pior dos equívocos seria classificá-los na categoria genérica do que chamamos habitualmente de "droga". Os enteógenos nada têm a ver com nirvanas ou euforias artificiais. A experiência que eles induzem é qualitativamente diferente, é de outra natureza. Autores como Gordon Wasson e Peter Furst mostraram que os enteógenos tiveram um papel privilegiado em praticamente todas as culturas tradicionais, e aqui no Brasil, por sorte, algo disso ainda sobrevive. No entanto, como os homens médios têm mania de fechar portas - não só as suas como também as alheias - ao invés de abri-las, eu não costumo tocar nesse assunto e sempre tenho receio de ver esse tema sendo noticiado na imprensa. Mas esta matéria publicada n'O Globo me deixou um pouco mais esperançoso. Continuo achando que arte, ciência e filosofia são as potências fundamentais na autoprodução do homem, mas como disse Don Juan Matus, um empurrãozinho enteógeno pode ser às vezes um meio eficaz para sacudir nossa burrice e nosso torpor.

27.9.11

OVNI

Esta coisa passou hoje pelo céu, na direção sudeste-sudoeste, pouco antes das 6 da manhã. A filmagem (obviamente feita às pressas) está aí embaixo. O que será? Eu acho que é sucata espacial. Façam suas apostas.


22.9.11

Troy Davis (2)

Buy the movie 12 angry men
and get a free totalitarian state
full of mothers and daughters
thirsty for
(poisoned by a lethal injection)
blood


Troy Davis


 

20.9.11

to have, or not to have

Por esses dias soube de alguém que, sentindo-se incomodado por possuir bens, vendeu tudo e foi viajar. Vivi na rua por mais de um ano quando jovem, e sempre me interessam esses movimentos de desapego, desposse, desterritorialização. Hoje, porém, embora carregue nas costas uma talvez incômoda carga de livros, discos e filmes, não me imagino abandonando meus... bens? Mas que bens? Eu não tenho casa, carro, barco, jóias, obras de arte. Na verdade, eu não tenho "bem" algum, eu não sou em nenhuma hipótese um "possuidor de bens". Quando olho para um livro eu não vejo um livro, vejo um homem falando ou tentando falar comigo. Quando olho para um disco, eu não vejo um disco, vejo homens fazendo música. Mesmo meu computador não é um mero arranjo de partes materiais, mas uma estação de trabalho por meio da qual eu produzo a mim mesmo. E mesas, cama, estantes, armários, não passam de suportes, extensões do inevitável chão. Que dizer, então, de meu corpo? Tampouco ele é um "bem", tampouco ele me "pertence", tanto quanto qualquer outro pedaço de matéria do universo. Talvez "ter" seja, assim como "ser", um falso problema. Aquilo que teimosamente chamamos de "matéria" não se oferece a nós para ser possuída (ou abandonada), mas sim para ser, por assim dizer, espiritualizada.
eXTReMe Tracker